segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Sou destribada: e agora?

Destribada (o)! Provavelmente essa palavra nem existe no dicionário, mas acho que o significado dela é claro. São aqueles que não se consideram membros de nenhuma tribo, seita, grupo, panelinha, etc... Pois eu sou uma dessas! Sempre detestei esse negócio de rótulos e sempre naveguei por todas as tribos...dos roqueiros aos regueiros! Tenho amigos super diferentes e nem por isso a amizade é menor.

Na minha época baladeira ia do show de Asa de Águia feat Saia Rodada passando por Mombojó e Planta e Raiz. Claro que tem ritmos musicais que eu me identifico mais pra escutar, outros eu gosto só de ouvir numa festa pra dançar, tem coisa que absolutamente detesto. Óbvio que tenho meu estilo! Mas sou aberta a todo tipo de novidade, do cult ao bregnaldismo, e também consigo freqüentar os mais diversos ambientes – sendo divertido, tô dentro! Já me surpreendi absurdamente com lugares e pessoas que eu achava que não tinham nada a ver comigo...

Bom, e em qual desses QGs das tribos eu me sinto 100% confortável? Sinceramente, 100% mesmo em lugar nenhum! Os olhares que as tribos costumam lançar nos elementos que tem um elemento que foge da identificação é arrebatador! É como ir numa festa underground de salto alto e se sentir fuzilada com olhares!

E foi isso que aconteceu comigo sábado quando fui conhecer um inferninho underground desses aqui em Recife. Diga-se de passagem, o lugar muito legal, música legal, cerveja gelada... Eu, meu namorado e um amigo dele vinhamos de outra festa e fomos parar nesse lugar de supetão, só pra ver como era mesmo. Meu namorado que estava usando uma camisa pólo da Lacoste foi logo questionado por um cara na entrada: “Ei, Lacoste, você sabia que essa sua camisa custou a alimentação de 200 crianças africanas?”

Sinceramente, esperava isso de qualquer tribo, menos dessa que prega a diversidade sexual, moral, pessoal e se considera “alternativa”. Que alternativa é essa? Ficar julgando os outros pelas roupas que elas usam? O carinha não sabia nada da vida da gente! Tenho que explicar pra ele que nós vínhamos de uma festa formal, que aquela camisa foi presente do irmão do meu namorado que mora fora e custou meros R$ 20, e que ele tava usando ela porque não tinha roupa de frio e a noite tava fria no Recife e ele queria algo quentinho pra vestir? Tenho que explicar isso pra pararem de olhar pra gente? E se ele gosta da camisa, o que é que as crianças africanas tem a ver com isso?

Gente, o que fazer quando até os alternativos são provincianos? Eles se vestem todos iguais! E depois julgam os agroboys e agrogirls porque andam em grupos daquele jeito meio cafoninha – calça colada, argolões nas orelhas, cabelos sempre grandes e lisos e saltos altíssimos nas calçadas esburacadas recifenses...

Não tô criticando só o pessoal dessa festa não! Uma vez saí com uma gravatinha de crochê em cima da camisa, um acessório vintage que era da minha mãe nos anos 70. Achei no guarda-roupa dela e amei! Pois bem, fui pra um barzinho da Zona Sul (local conhecido pela frequência das tribos dos mauricinhos) desse jeito! E parecia que tinha colocado silicone de cinco litros, porque ninguém parava de olhar pra meu pescoço engravatado...

Eu sei que tem gente que não tá nem aí pros gostos, roupas e aparência dos outros, mesmo sendo regueiro, roqueiro, chicleteiro - não tô colocando o mundo inteiro nessas panelas não viu, gente? Só vamos ser felizes e deixar as pessoas serem felizes e irem pra praia de Boa Viagem de terno, pra o Shopping de havaianas ou pra o Recife Antigo de salto alto.

Só resta pra nós, destribados, ignorar qualquer tipo de olhar e ir pra onde a gente quiser, ouvir o que a gente quiser, usando o que a gente quiser, tudo junto misturado no liquidificador com uma cereja em cima enfeitando. Dane-se o preconceito e o julgamento!

Destribi-se!


3 comentários:

  1. Adorei seu post, e entendo muito bem o que você passou. As pessoa são crueis quando fazem parte de alguma tribo, são donas da verdade, não aceitam o próximo. Eu tb tento ser como você, abrir para novas culturas, conhecer sem julgar. Acho que só assim a sociedade vai ser melhor, respeitando o próximo. ps:? Eu tb olharia pra vc com gravata, mas certeza seria uma, eu acharia algo muito legal ;)

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  2. Amei o texto Mari! E é por isso que eu uso bota em Recife à noite se tiver afim independente da praticamente lei que foi imposta de que bota em Recife é brega(não sinto calor, é confortável e por quê só posso usar ela em São Paulo?!)A maior liberdade é sem dúvidas não estar preso à opnião dos outros. Quem olha muito pros outros deixa de olhar pra si mesmo.

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  3. É isso aí, gente! Temos mais é que não ligar pra isso mesmo e seguir fazendo o que a gente gosta e claro, torcer pra que mais pessoas virem destribados também!
    bj

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